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Entre todos os livros da Bíblia, o livro de Salmos se destaca. Ele é amplamente conhecido ou, pelo menos, é frequentemente citado. Para mim, no entanto, ele sempre foi um dos mais desafiadores.

O desafio não vem do vocabulário – sim, o livro apresenta seus desafios, mas não é tão complexo quanto alguns. Nem vem do seu estilo misterioso – na verdade, os Salmos são bastante diretos. O que realmente me desafia em Salmos é a maneira como ele expressa sentimentos.

Às vezes, o livro demonstra imensa Gratidão e Amor por Deus. Em outras, transborda um profundo Desespero, por falta de perspectiva.

Comparado a Revelações (ou Apocalipse), repleto de Simbolismos e avisos, Salmos destaca-se pela sua literalidade visceral. E, diferente de Provérbios, que oferece conselhos quase professorais para o dia a dia, Salmos expressa a Sabedoria de uma forma muito mais crua.

Em Salmos, que são em sua maioria atribuídos a Davi – que é pai de Salomão, sofreu ataques mas se manteve fiel a Saul, derrotou um gigante com a ajuda dos Céus, pecou de incontáveis formas, foi castigado e perdoado – encontramos relatos íntimos de uma pessoa em profunda comunhão com Deus, abordando suas virtudes e falhas, suas certezas e medos.

Tribulações. Paciência. Experiência. Esperança.

Confesso que, inicialmente, tive dificuldades para me conectar com esse oceano inconstante, tão real quanto a própria vida. Não porque fosse estranho, mas devido a uma menor consciência. Na realidade, faltava-me Conhecimento e Entendimento. Pouco buscava (e às vezes esqueço que dependo) pelo Conselho e raramente encontrava refúgio na Fortaleza. O Temor do Senhor era algo quase desconhecido para mim, se é que posso ousar dizer que hoje conheço mais. Logo eu, tão falho e dependente da Graça e da Misericórdia.

Uma vez, em uma conversa com alguém muito mais experiente em Bíblia do que eu jamais serei, confessei minha dificuldade em me relacionar com os Salmos. As palavras dele foram uma espécie de trovão que ainda ecoa em minha lembrança: “Que Deus te proteja e que você nunca precise de verdade do que os Salmos dizem.”

Na maioria dos meus dias, de maneira ingênua, ignoro o quanto realmente preciso das mensagens diretas de Salmos. Vez ou outra, sou grato por saber que eles estão lá, esperando por mim. A verdade é que Salmos é um instrumento de Deus. Nele, sinto que Ele fala comigo de maneiras que jamais imaginei serem possíveis. Sem rodeios. Meu Pai se comunicando comigo, não da maneira que desejo, mas da que preciso.

Ao longo do tempo, voltei a ler Salmos várias vezes, mesmo sem manter uma disciplina ou hábito constante que deveria. Sou teimoso em ser errático. Reconheço-me um Tolo ou Ímpio que busca ser Justo.

Em certos momentos, especialmente nos mais desafiadores, compreendo melhor. E, curiosamente, nas fases boas também. Veja só, Desespero e Gratidão, assim como expressaram Davi e outros notáveis.

Hoje, li os Salmos novamente. Sou grato pelo livro. Entendo mais discordo da pessoa que me orientou sobre Salmos no passado. Que Deus permita que eu nunca me esqueça do quanto preciso, de verdade, do que os textos em Salmos dizem.

05/04/2024
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