Hoje de manhã, revi o registro dos bastidores da gravação de “Meu Disfarce”, da Sandy e seu pai, Xororó.
Eles são gênios, geniais. Independentemente do estilo e das preferências, o talento de ambos é inquestionável.
Desde que comecei a associar autoridade a resultados, a autoridade de ambos para mim é indiscutível. Não escuto regularmente música de nenhum dos dois, mas assistindo ao vídeo, não pude conter as lágrimas.
Ele, de forma magistral, já no registro de ajuste e sem prometer nada, entregou tudo. Tanto que levou a filha, Lucas (que na época era casado com Sandy e atuava como arranjador), e claro, a mim, às lágrimas.
Foi apenas o começo de muitas emoções. Mais tarde, ao ver Xororó, emocionado, afirmar que “no começo, os pais ensinam os filhos, mas, mais tarde, são os filhos que ensinam os pais”, chorei novamente. A declaração de Xororó me fez refletir não só sobre meus filhos mas também sobre meus pais. Meu pai, que já partiu, me ensinou tanto pelo que fez quanto pelo que evitou fazer. Eu o julguei duramente no passado, mas hoje, sinto uma profunda gratidão por ele.
Minha mãe, ainda aqui mas com a saúde debilitada, já foi tanto minha heroína quanto minha vilã. Houve momentos de profundo ressentimento em nossa relação. Mas agora, olhando para trás, sinto gratidão por tudo que ela fez por mim, sempre me chamando de “Júnior”, em memória de meu pai.
A emoção aumentou ao ver a mãe de Durval (nome de batismo de Xororó), Dona Aracy, entrar na sala. Dona Aracy, que era bipolar e teve sua doença detectada tardiamente, o que gerou sofrimento à família, olhava a tudo com a ternura de mãe e de vó. E então, quando a mãe de Sandy, esposa de Durval, dona Noely (que, para mim, é Sandy disfarçada, ou seria o contrário?), decidiu também acompanhar a gravação.
Ver os bastidores, de fato, ajuda a entender que a beleza não é acidental. É fascinante observar os acordos, as técnicas, tudo que é necessário para tornar o incrível inesquecível.
Ver Sandy e Xororó me inspira a ser um pai melhor. Ontem, compartilhei no Instagram um momento do Otávio, meu caçula, “programando”. Para mim, foi um momento especial. E hoje de manhã, também revi algumas fotos de uma viagem que fiz com Gabriel, meu filho mais velho, há cerca de um ano. Ele tem o sorriso mais honesto que conheço, e compartilhar o amor pela filosofia, admirando sua capacidade de se maravilhar com a “história do lugar” em nossas viagens, tem sido uma dádiva. Eles são minhas sementes, e penso em ser, acima de tudo, um exemplo de coisas boas para eles.
Pais e filhos são continuidades e descontinuidades. Meus filhos me continuam e ao mesmo tempo me renovam. Eles, por sua vez, terão seus próprios filhos.
Concordo com Xororó: com o tempo, são os filhos que nos ensinam. Cantando “Meu Disfarce”, Sandy e Xororó arrancaram o meu próprio disfarce. Fiquei nu, refletindo apenas o que sou em essência: pai do Gabriel e do Otávio.