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Hierarquia. Pertencimento. Reciprocidade.

A Criatividade é uma jovem astuta, que não se deixa seduzir facilmente. Para conquistá-la, você precisa estar aberto a explorar lugares estranhos, interagir com gente esquisita e mergulhar em conversas peculiares. E, às vezes, ela aparece quando menos esperamos – mas, não fica muito tempo.

A Criatividade pode ser descrita como aquela que aproxima e habita, na prática, o que em teoria é distante.

Na minha busca pela Criatividade, eu me aventuro por campos variados: matemática avançada, computação, um pouco de arte. Mergulho em livros de grandes pensadores e até em romances de gosto duvidoso. Exploro a ciência do comportamento humano e modelos de terapia menos convencionais.

Foi assim que acabei tropeçando nas constelações sistêmicas de Bert Hellinger, frequentemente associadas apenas a contextos familiares. Minha curiosidade, no entanto, se fixou na parte “sistema” das ideias dele.

Hellinger ensina que sistemas têm hierarquias que precisam ser reconhecidas e respeitadas, fundamentais para as relações de poder e para a continuidade. Empresas, famílias, nossa sociedade e até os componentes dos softwares que desenvolvemos são hierárquicos. Esta hierarquia, estabelecida por algum critério, é essencial; sem reconhecê-la, o sistema como um todo sofre.

Ele fala também do pertencimento nos sistemas. Componentes pertencem a sistemas, e sistemas, por vezes, a sistemas maiores. Os indivíduos são sistemas em si. Junto com filhos, cônjuges, pais, irmãos, amigos, formam sistemas mais amplos. Imagine não apenas pessoas, mas as partes de um carro ou de um software. Cada um com seu lugar e função.

Por fim, Hellinger aborda a necessidade de equilíbrio entre dar e receber. O componente que dá demais se esvazia, enquanto o que recebe demais acaba por explodir.

Hierarquia, pertencimento, reciprocidade. São essas as propriedades que mantêm qualquer sistema íntegro e funcional. Sem elas, tanto a unidade quanto as partes sofrem. Casamentos acabam. Sistemas ficam “fora do ar”. Carros param de funcionar. O caos, nem sempre criativo, se instaura.

Hellinger me faz pensar em família. Me faz pensar em empresas, motores, software. Hellinger aproximou, na minha cabeça, conceitos aparentemente distantes. Hellinger me fez flertar com a Critividade. Mas, na medida que vou concluindo o texto, vou perdendo ela de vista outra vez.

Alguém viu uma moça bonita, chamada Criatividade, passando por aí? Dizem que ela está indo a lugares diversos, sem critério aparente, rodeada de gente esquisita, rindo e chorando em conversas que parecem, a primeira vista, não terem sentido algum.

Criatividade é especialista em sistemas.

29/12/2023
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