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A pior forma de combater uma certeza é com outra certeza. De fato, o embate entre dois “certos” é um claro indicativo de teimosia. Afinal, isso é mais um vício do que uma virtude, não acha?

Quando você está convicto de algo e essa convicção choca-se com a de outra pessoa, não emergem apenas conflitos, mas também confrontos. Conflitar pode ser positivo; confrontar, geralmente, não é. Você concorda?

Acredito que a melhor maneira de enfrentar uma certeza é semeando uma dúvida. Como Sócrates nos ensinou, poucas certezas resistem ao rigor de um exame crítico.

Sempre que uma certeza robusta se depara com uma dúvida bem fundamentada, ela se transforma, angustiada, mudando de uma simples afirmação para um profundo questionamento.

Toda certeza que oscila, mesmo sem perceber, já não é mais certeza. Ela se dissolve, sutilmente admitindo sua própria fragilidade.

A inflexibilidade de posições e a rigidez de argumentos apenas reforçam uma visão limitada: a gloriosa ilusão do próprio acerto e o patético reconhecimento do erro alheio. É uma verdadeira perda de tempo!

Certezas quase sempre isolam; dúvidas, por outro lado, têm a tendência de unir. Enquanto a certeza subtrai, a dúvida soma.

Poxa, como me aflige a covardia de sustentar minhas certezas, que, honestamente, nem são tão minhas assim! Que liberdade e alívio encontro na dúvida, no imperfeito que é honesto e verdadeiramente meu.

Quem insiste em ter certeza só compartilha ideias que endossa como suas. Raramente ganha, frequentemente perde. Celebra sozinho, com aliados temporários, vitórias que são, na verdade, sem valor.

A obstinação da certeza é fria e vulgar; em contraste, o abraço da dúvida é caloroso e convidativo.

Toda vergonha por estar errado começa com a arrogância “bobo-alegre” da ilusão da certeza.

Se for para ter uma certeza, que seja sobre as vantagens de ter dúvidas.

16/04/2024
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