Meu pensar, definitivamente, não gosta de linhas retas.
Ideias brotam em mim fora de hora, me levam a cantos e quinas. Quem anda comigo, às vezes, se perde e, se não ajudo, desencontra de mim.
Preciso, confesso, de algo como uma caixinha para o meu livre pensar, um lugar firme e seguro. Enquanto muitos saltam ‘fora da caixa’ para criar, eu me enrosco dentro dela, achando ali o meu norte. Fórmulas e métodos, companheiros de uma vida, coleciono-os para que sirvam coletivamente como chão.
Quem vive com a cabeça próxima às nuvens, como eu, pode até achar estranho achar descanso em paredes tão fechadas. Mas é exatamente ali, nesse canto apertado, que me sinto livre, solto – uma ironia que só a vida traz.