Aprendi com minha terapeuta que a ansiedade, frequentemente descrita como “excesso de futuro”, é prima-irmã da procrastinação. Todo ansioso é, de algum modo, um procrastinador.
Eu-ansioso.
Eu-procrastino.
Com tantas coisas para fazer, acabo por fazer quase nada. Essa quase-paralisia diante do excesso de tarefas é uma clara manifestação da minha ansiedade.
Quando noto que estou eu-improdutivo, conhecendo-me bem, reconheço rapidamente que estou ansioso. Às vezes, essa percepção me ajuda a buscar soluções; outras vezes, apenas intensifica minha ansiedade.
O ansioso, ou melhor, o “eu-ansioso”, se vê acelerado em um mundo saturado de escolhas, possibilidades e problemas — mas escasso em soluções. Esse excesso me faz parar de agir e começar a reagir, um ciclo que me distancia da resolução efetiva dos problemas.
Eu-ansioso sou muito mais reação do que ação.
Eu-improdutivo.
Eu-reativo.
Reagir é apenas responder. Se algo acontece, eu-ansioso respondo. Mas tomar decisões? Isso parece estar além do que consigo.
Eu-ansioso respondo às perguntas quase sempre no momento em que são feitas, e geralmente faço isso bem, o que cria a ilusão de que está tudo sob controle. Quando não respondo, o silêncio acumula perguntas sem respostas e reclamações – mais ansiedade. Preocupações. Irritação. Explosões! Nem eu me aguento.
Eu-preocupado.
Eu-irritado.
Eu-explosivo.
Eu-insuportável.
Eu-ansioso, com o tempo, paraliso. Daí, me isolo para não explodir com quem não merece. Eu-ansioso não me reconheço em mim.
Eu-paralisado.
Eu-isolado.
Tudo-menos-eu.
Espiral!
Até hoje, felizmente, quando de tempos em tempos a ansiedade extrapola os limites do saudável, acabo capotando para fora dos limites do meu “Eu-qualquer-coisa”. Finalmente, ganho consciência.
Eu-consciente. Ufa!
Compreendo que o caminho para o equilíbrio é respirar profundamente e priorizar conscientemente. Escolho focar em uma tarefa de cada vez, a mais importante no momento.
Eu-consciente.
Eu-respiro.
Eu-priorizo.
Percebo que não posso fazer tudo de uma vez, mas posso escolher fazer bem uma coisa que decido priorizar. Este foco não apenas é liberador, mas também restaura meu senso de controle e direção.
Um passo após o outro, consistentemente, na direção certa. Repetidamente focando no mais importante.
Eu-liberto.
Eu-focado.
Eu-compreensivo.
Ao dedicar-me a uma tarefa que escolho, mudo de alguém que reage para alguém que age, retomando o papel de protagonista da minha própria história.
Com o tempo, me sinto significativamente melhor. O aperto no peito alivia. Respirar torna-se mais fácil e natural.
Eu-ocupado.
Eu-ativo.
Eu-sensível.
Eu-aliviado.
Outra vez, sou apenas Eu!