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Minha prática da teoria das filas

Teoria das Filas, muito além da “teorismo matemático”, se desdobra do dia a dia. Ela me ensina sobre paciência, espera e, especialmente, sobre a gestão das expectativas — tanto as minhas quanto as alheias. Na prática, a interação entre demanda e oferta, entre cliente e servidor, reflete a dinâmica da vida, onde uma fila única se forma à medida que as demandas superam as capacidades.

Enfrento, diariamente, a tarefa de equilibrar as demandas que surgem de todos os lados: familiares, amigos, colegas de trabalho, funcionários, animais de estimação, fornecedores, clientes e, claro, as minhas próprias. A questão que se impõe é: estou verdadeiramente pronto para gerenciar essa fila única de demandas, onde a priorização parece se fazer tão necessária?

Existem momentos, como o que estou vivendo, em que o fluxo de demandas ultrapassa significativamente minha capacidade de resposta. À medida que o tempo de espera aumenta, a insatisfação cresce. Os solicitantes, impacientes por natureza, rapidamente se transformam em reclamantes. Nessas horas, me vejo cercado por um mar de expectativas não atendidas, frequentemente acusado de falhar antes mesmo de ter a chance de compreender plenamente cada solicitação.

Diante desse desequilíbrio, tanto interno quanto externo, fica evidente a urgência de uma mudança. O estresse que se manifesta é mais do que um sintoma; é um chamado para a ação. É aqui que a busca pela homeostase se torna vital — um esforço consciente para reencontrar o equilíbrio. Para isso, desenvolvi estratégias específicas: delegar tarefas que não exigem minha atenção exclusiva, priorizar demandas com base em sua urgência e importância, e, em certos momentos, optar por reduzir a qualidade da resposta para lidar com o volume de solicitações. Embora não ideal, essa abordagem pragmática permite uma gestão mais eficaz da fila única de demandas que enfrento.

A pressão para atender às expectativas se intensifica, alimentando minha ansiedade – isso não é bom. Contudo, reconheço que esses períodos de pressão são prenúncios de um crescimento iminente. A gestão se revela, então, como a chave para navegar por esse turbilhão. Reconhecer e aceitar que os solicitantes podem se tornar reclamantes serve como um lembrete de que estou à beira de uma transformação pessoal profunda.

O cansaço atual é palpável, uma constante prova da minha determinação. No entanto, é na persistência desse desafio que encontro a promessa de uma melhoria urgente. “A dificuldade, quando se torna constante, é indicativo de uma melhoria, que se manifesta urgente”. Essa percepção transforma a luta em esperança.

Portanto, se posso oferecer um conselho, seria este: esteja atento à tua única fila de demandas. Examine quem e o que está nessa fila, identifique as prioridades e esteja disposto a renegociar acordos. Mas, acima de tudo, lembre-se da importância de manter o equilíbrio.

Negligenciar a gestão dessa fila única pode levar a um estado de ocupação constante, cercado por solicitantes insatisfeitos que rapidamente se tornam reclamantes. Sem um controle efetivo, arriscamo-nos a não satisfazer ninguém, incluindo nós mesmos.

Assim, ao navegarmos pelas complexidades da vida, buscando atender às inúmeras demandas que nos cercam, é essencial lembrar que a chave para uma existência harmoniosa reside em nossa habilidade de gerenciar efetivamente essa fila única. Tentar atender a todos, todo o tempo, em tudo, implica em não conseguir fazer, ao longo do tempo, qualquer coisa bem-feita.

Nesse processo, buscar o equilíbrio não é apenas um objetivo, mas um meio de transformar desafios em oportunidades, dificuldades em crescimento. E, com essa mentalidade, talvez possamos encontrar a satisfação e a paz que tanto almejamos.

O segredo para enfrentar a sobrecarga é a escolha – junto com ela, a renúncia. Escolher bem demanda responder o que, de fato, importa. Mas, isso, não acontece de uma hora para outra, daí a importância de sobreviver na liminaridade.

25/02/2024
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