blog do

Por que gostamos dos Nossos Defeitos? Como superá-los?

Segundo a professora Lúcia Helena Galvão, se temos um vício, é porque há algo nele de que gostamos, talvez até bastante. Esses vícios costumam trazer algum tipo de conforto ou satisfação, mesmo que de forma prejudicial. Podemos sentir uma sensação de alívio ou uma fuga temporária dos problemas, o que nos faz querer manter esses comportamentos.

Os vícios estão ligados aos nossos desejos, mesmo que nem sempre percebamos isso conscientemente. Embora possam ser prejudiciais, esses hábitos trazem uma sensação de conforto momentâneo. Precisamos entender o que nos atrai nesses vícios para compreender por que continuamos com esses comportamentos. Além disso, precisamos ver como esses comportamentos se conectam às nossas emoções mais profundas. Compreender essas conexões é essencial para que possamos tomar as rédeas de nossas escolhas.

Freud nos ensina que nossa mente é formada por três partes: o id, o ego e o superego. O id é a parte que busca prazer imediato e age por impulso. O superego é como uma bússola moral, tentando nos guiar para fazer o que é certo e impor regras e limites. Já o ego é quem tenta equilibrar as demandas do id e do superego. Muitas vezes, nossos vícios surgem desse conflito interno, em que o id quer satisfação imediata e o superego tenta nos impedir de fazer algo errado. Esse equilíbrio é complicado, e nossos vícios mostram claramente o quanto é difícil controlar nossos desejos e encontrar harmonia dentro de nós mesmos.

Além desse conflito interno, existem partes da nossa mente que não percebemos claramente e que acabam influenciando nossas ações, contribuindo para nossos vícios sem que percebamos. Camadas de desejos, medos e contradições no subconsciente nos fazem agir de maneiras que não entendemos totalmente. É por isso que nossos vícios e defeitos, muitas vezes, se manifestam como expressões de algo que está escondido em nossa mente. Reconhecer essas camadas nos ajuda a perceber que nossos comportamentos são mais complexos do que parecem à primeira vista.

No final, tudo está ligado ao desejo. A Bíblia, na Carta de Tiago, diz que somos tentados pela nossa própria cobiça. Quando essa cobiça cresce, ela pode nos levar ao pecado, e o pecado acaba gerando consequências ruins. Esse ciclo de desejo, vício e consequência mostra como é fácil cair em padrões prejudiciais quando não controlamos nossos impulsos. O vício começa com um desejo que, se não for controlado, pode se transformar em um comportamento prejudicial, levando à autodestruição e a resultados negativos para nossa vida.

Os vícios também afetam profundamente nossas relações, tanto conosco quanto com os outros. Por exemplo, uma pessoa com vício em álcool pode acabar se afastando de amigos e familiares devido ao comportamento impulsivo e aos conflitos gerados, prejudicando as relações e criando um ciclo de isolamento e solidão. Esses hábitos afetam a maneira como interagimos com o mundo e estão relacionados às nossas inseguranças e expectativas não atendidas. Assim, o vício não é apenas algo interno; ele se reflete em nossas relações, impactando nossos laços e a capacidade de nos conectarmos de forma saudável com os outros.

Freud sugere que justificamos nossas falhas com base em coisas que aconteceram no passado. Alfred Adler, por outro lado, acredita que nossos comportamentos estão ligados ao futuro, às metas que temos e aos sentimentos de inferioridade que carregamos. Adler explica que nossos vícios podem ser tentativas de encontrar nosso valor e nos sentirmos aceitos, mesmo que essas tentativas sejam ineficazes. Muitas vezes, nossos hábitos ruins são maneiras de tentar superar o medo de não sermos bons o suficiente ou de falharmos em alcançar nossos objetivos. Assim, ao olhar para nossos vícios, é essencial entender que muitas dessas escolhas têm a ver com nossas inseguranças e com a forma como enxergamos nosso próprio valor.

Novamente, como disse a professora Lúcia Helena, se temos um vício, é porque gostamos de algo nele. Precisamos encarar a verdade de que existe uma satisfação, mesmo que momentânea, que nos impede de abandonar aquele comportamento. Essa aceitação inicial é essencial para podermos seguir em frente e buscar alternativas mais saudáveis.

Antes de nos julgarmos com severidade, precisamos nos entender e nos aceitar. Entender por que mantemos certos hábitos é o primeiro passo para superá-los de maneira eficaz. A culpa e o julgamento apenas dificultam nosso crescimento, nos afastando das possibilidades de mudança. Precisamos nos aceitar como somos, com nossas fraquezas e defeitos, para buscar uma transformação verdadeira e duradoura, que venha da compreensão e não da punição. Aceitar a si mesmo não é justificar os vícios, mas reconhecer que somos humanos e que todos temos dificuldades, e isso nos abre as portas para o crescimento.

Uma das maiores armadilhas do mal é nos fazer acreditar que não somos dignos do amor de Deus, o que é um grande engano. Ele nos escolheu há muito tempo. Vamos escolher a Ele também. Como Tiago ensinou, devemos refletir sobre nossas ambições para controlar nossos pensamentos e evitar comportamentos prejudiciais. Para isso, podemos começar identificando nossos objetivos e questionando se eles estão alinhados com nossos valores. Assim, podemos definir pequenas ações diárias que nos ajudem a mudar nossos hábitos e viver de acordo com nossas crenças. Devemos lembrar que, embora nossas falhas possam nos afastar do caminho certo, sempre há uma chance de mudar, aprender e evoluir.

Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova. (Romanos 14:22)

Portanto, busquemos reconhecer as causas dos nossos vícios, aceitarmos nossas fraquezas e nos comprometermos com o caminho da transformação. Cada pequeno passo em direção ao autoconhecimento e ao controle de nossos desejos nos aproxima de uma vida mais plena e conectada, tanto com os outros quanto com nós mesmos.

07/10/2024
0
Would love your thoughts, please comment.x