Sempre defendi a “Disciplina” até que outro dia, descobri que não a conhecia bem, coitada!
Diferente do que pensava, entendi que a “disciplina” não é necessariamente uma coisa tão boa ou necessária, pelo menos quando entendemos o poder do “hábito”. “Disciplina” demais, por tempo demais, indica algo demasiadamente afastado de nossa natureza ou vontade.
“Hábito” e “Disciplina” são conceitos diferentes, mas relacionados. Ambos moldam nossos comportamentos.
Ter disciplina é, em essência, impor a nós mesmos tarefas ou atividades de maneira regular e consistente. É um ato de vontade que exige esforço consciente, como decidir acordar todas as manhãs para correr antes do amanhecer, mesmo quando o corpo pede mais algumas horas de sono.
Um hábito surge da “repetição disciplinada”, até que ela se torne uma segunda natureza, dispensando a necessidade de imposição. Imagine chegar ao ponto em que a corrida matinal se torna essencial, faça chuva ou sol. Hábito é sobre fazer as coisas com regularidade, mas sem imposição.
Ter “disciplina” dói. Por outro lado, um “hábito” faz doer.
A transição de “Disciplina” para “Hábito” é uma jornada de transformação. No início, a disciplina pode ser dolorosa, principalmente quando nossa vontade conflita com a nossa natureza, trata-se de um verdadeiro teste à nossa perseverança. Mas, à medida que persistimos, essa dor dá lugar ao conforto encontrado na regularidade e previsibilidade do “Hábito” formado.
A disciplina, então, enquanto ferramenta inicialmente indispensável, transforma-se. Ela não se torna completamente descartável, mas evolui para um papel de apoio, ajustando e refinando nossos hábitos conforme necessário.
Interessante notar que a “Disciplina”, que geralmente dói, é essencial também para quebrar hábitos que não queremos mais pela dor que eles causam, geralmente pela construção de novos hábitos. Este processo destaca a natureza dinâmica da disciplina como uma força de criação e destruição dentro de nosso repertório comportamental.
A “disciplina” é a mãe dos “bons hábitos” e algoz dos “maus”.
A “disciplina” é a chama que acende o motor da mudança. Mas uma vez que o hábito ganha impulso, a chama pode arder mais suavemente, guiando-nos com uma luz menos intensa, porém ainda presente. Um novo “hábito” é uma mudança concretizada.
Sempre defendi a “Disciplina”, mas, agora, entendo-a um pouco melhor.