Nós caminhávamos.
Nós éramos eu, o adulto, ele, que é meu e tem oito anos, e ela, que é Bela, amiga dele e tem sete anos.
Ela levava a bola. Às vezes acho que era a bola que a levava. Afinal, para onde a bola ia, nós íamos atrás.
A bola fugiu para debaixo de um carro parado, ficando presa bem na metade do caminho. Ela não alcançava, ele também não. O que teriam feito se eu não estivesse ali?
Deitei no chão, estiquei a perna e empurrei a bola. Ela pegou a bola, sorriu, e ele riu. E lá estava eu, deitado no meio da rua, como se tivesse sido atropelado por um carro parado.
Jogamos com a bola e voltamos caminhando à beira do lago.
A bola estava com ela. De repente, fugiu dela, foi para o lago e o lago levou a bola. Ela se desesperou, ele também. Eu lamentei, já estava dando adeus à bola.
Então, o lago resolveu devolver a bola. A bola, que estava no meio do lago, voltou para a beirinha. Ele comemorou, ela também. Eu peguei a bola.
Ela não quis mais a bola, que estava molhada. Lembranças do lago.
Voltamos para casa. Agora a bola estava comigo. Ela estava com ele. Todos éramos nós.
Nós e a bola.