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Não siga cegamente os caminhos do Waze

Ontem, fiz uma viagem de Viena a Salzburgo. A paisagem era deslumbrante: montanhas cobertas de neve ao fundo e vilarejos encantadores ao longo do caminho. O Waze foi meu guia.

Hoje em dia, não consigo mais andar sem o Waze. Essa dependência, porém, me preocupa.

Não me entenda mal: sistemas de GPS são essenciais e revolucionaram o turismo. Com um GPS, encontramos pontos turísticos escondidos, trilhas pouco conhecidas e restaurantes locais. Se errarmos uma rota, temos orientação imediata. Podemos explorar lugares desconhecidos sem depender de mapas de papel ou da boa vontade de estranhos.

Lembro-me bem de como era quando sistemas de GPS não eram comuns. Uma vez, em Porto Alegre, lembro-me de passar horas, como passageiro, atrapalhado com um mapa de papel, tentando chegar a um shopping. A situação era ainda mais difícil em São Paulo, onde avenidas mudam de nome do nada.

Liberdade, entretanto, não dispensa cuidados. Confiar cegamente no GPS pode nos colocar em situações complicadas. Além de rotas indesejadas, podemos acabar em caminhos mais longos ou até em áreas de risco. Já foi pior no passado, mas ainda é um problema. Ontem, quase fui vítima desse descuido.

Aqui na Áustria, o pedágio funciona de forma diferente. Não há cancelas visíveis. Tudo é digital, com etiquetas fixadas nos para-brisas dos carros (o Rio Grande do Sul está adotando um sistema similar). Funciona como a cobrança automática no Brasil, mas aqui as tags não são opcionais. Ou melhor, são — e esse é o problema.

Ao usar o Waze na Áustria, ele pergunta se você tem a etiqueta de pedágio. Se não tiver, ele sugere uma rota alternativa, que funciona, mas leva mais tempo. Ontem, por não conhecer bem a configuração do Waze, respondi que não tinha a etiqueta e fui direcionado para uma rota que levaria cinco horas, em vez de três pela rota pedagiada.

Comecei a viagem, mas logo estranhei o tempo exagerado e os belos caminhos entre cidadezinhas, bem longe das rodovias menos pitorescas, porém mais rápidas. Casas coloridas, ruas estreitas, campos verdejantes. Resolvi verificar o que havia de errado. Achei. Foi por pouco.

Se eu tivesse simplesmente aceitado o caminho proposto pelo Waze, teria viajado muitas horas a mais. No Google Maps, nem consegui encontrar opção para informar que tinha a tal etiqueta; logo, invariavelmente faria o caminho mais lento.

O Waze é ótimo. O Google Maps também. Eles nos dão liberdade, mas exigem cuidados. É preciso sempre verificar as rotas sugeridas, evitar desvios desnecessários, prestar atenção em restrições locais e ter uma noção geral do caminho e de como as coisas funcionam em cada lugar.

Você não pode desligar o cérebro.

21/11/2024
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