Tomando café pela manhã, avistei uma torre que chamou minha atenção – era um Flakturm.
Era uma edificação alemã da Segunda Guerra Mundial, usada como torre de artilharia antiaérea. Essas estruturas protegiam as cidades dos ataques dos Aliados e abrigavam civis durante bombardeios.
Blocos acinzentados, enormes, com paredes espessas e janelas estreitas como fendas. Suas superfícies eram desgastadas e cobertas de musgo. A altura imponente e a aparência fria e opressiva, confesso, me causam medo.
Construídos com concreto reforçado, projetados para resistir a bombardeios, são extremamente sólidos e difíceis de demolir. Por isso, permanecem de pé até hoje.
O povo de Viena decidiu integrá-los à cidade. Aceitar essas construções, antes horrendas, e transformar o passado em parte do presente. Resiliência e adaptação são marcas da identidade vienense.
Alguns desses blocos já não são vistos de forma negativa. Muitos foram revestidos com vidro e estruturas metálicas e ganharam novas funções: centros culturais, museus, aquários. Assim, trouxeram nova perspectiva e utilidade a essas edificações.
De um dos temidos Flakturms nasceu o Haus des Meeres – um aquário vertical com onze andares. Lá dentro, há tubarões, répteis e áreas de aves tropicais. No topo, um terraço panorâmico com vistas impressionantes da cidade.
Subi os onze andares a pé. Em cada um, havia uma atração. Até um dragão-de-komodo encontrei por lá. Cada andar era uma surpresa!
O que pensei? Que até o que é horrendo pode se tornar incrível. Basta ser “revestido” e usado da forma certa.
Viena transformou estas torres sombrias em símbolos de resiliência e criatividade. Elas agora fazem parte da vida moderna da cidade.
Flakturm. Torre antiaérea. Primeira vez que me prestei a subir, por escadas, onze andares.